sexta-feira, 12 de março de 2010

EMPRESÁRIO ARREMATA COLETÂNEA DE DISCOS DA BOATE HELP


Empresário europeu arremata coleção de vinis, lote mais concorrido do leilão de despedida da discoteca de Copa


O último dia de funcionamento da boate Help, em Copacabana, já começou movimentado, com um concorrido leilão de 117 lotes de objetos da casa na tarde de ontem. Pelo menos 220 possíveis compradores participaram do pregão, 80 delas no local — que ficou aberto à visitação — e o restante pela Internet.


À noite, a discoteca que virou símbolo da prostituição no bairro receberia pela última vez seus clientes fiéis. Neste sábado, esgota-se o prazo dado pelo governador Sérgio Cabral para que o prédio seja devolvido ao estado. No local será construída a nova sede do Museu da Imagem e do Som.

Apesar da tristeza de funcionários e freqüentadores pelo fim da Help, o leilão terminou em clima de festa. Nascido em Liechtenstein, na Europa, o empresário Kurt Maier, 50 anos, comprou o lote mais disputado do dia, um conjunto com cerca de 2 mil discos de vinil que levou quase uma hora para ser arrematado. Os 55 lances, que começaram em R$ 300, chegaram a R$ 9.500, valor pago por Kurt para levar os LPs para a discoteca da qual é sócio em seu país.

O lote foi tão concorrido que teve até torcida pelo simpático gringo. Ao final, todos que permaneceram na casa bateram palmas para o empresário, que comemorou com os braços para cima e gritando: “Muito obrigado, Brasil!”. “Esses discos vão ser usados para representar a história da Help na minha discoteca. Estou muito feliz. Levar uma lembrança deste país e desta boate significa muito para mim”, disse ele, que conheceu o lugar em 1990 e passou ali ontem por acaso, apenas para se despedir: “Quando vi o leilão fiquei maluco, foi muita coincidência”.

Mas a felicidade do empresário pode ter data para acabar: amanhã, quando os compradores retornarão à casa para pegar suas mercadorias. Afinal, de acordo com funcionários da casa, os vinis não são tocados há dez anos e se encontram em péssimo estado de conservação. Entre os estilos musicais dos álbuns — apesar de terem sido anunciados como ‘dance music/house dos anos 70, 80 e 90’ — há samba-enredo, trilha sonora de novelas, funk e até sertanejo.

Alguns dos itens mais aguardados pelos fãs da casa, como o letreiro amarelo da fachada e os globos luminosos, não participaram do leilão, que pôs à venda 90% dos objetos da Help. O comerciante alemão Marcos Hutny, 35 anos, acompanhou as quase quatro horas de pregão esperando pelos lotes inexistentes, mas contentou-se em levar para casa uma ‘lembrancinha’ da Help: um cofre arrematado por R$230. “Venho aqui várias vezes por semana, vou sentir muita falta. A Help é uma instituição da cidade, igual o Cristo”, comparou.

Mas o grande ‘campeão’ da noite foi o empresário Irineu Martins, que arrematou cerca da metade dos lotes do leilão e pretendia gastar R$ 500 mil ontem: “Nem sei o que eu comprei e nem tenho ideia do quanto gastei, para falar a verdade. Mas vou vender tudo”.

Pregão para outros objetos

Até a noite de ontem, a RC Leilões, a empresa responsável pelo pregão, não havia contabilizado a quantidade de lotes vendidos e o valor arrecadado, já que muitos grupos de objetos não atingiram o valor mínimo e ainda permaneceram abertos para lances na Internet.

Estima-se, no entanto, que todos os artigos sejam vendidos até hoje. No início do leilão, a expectativa era que fossem arrecadados R$300 mil, mas muitos lotes (como o conjunto de vinis, estimado em R$1 mil) ultrapassaram o preço mínimo estabelecido pela boate.

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